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O governo de quem? – por Amaro T.

Na Paraíba, todo pré-candidato jura que não é. E quanto mais nega, mais ensaia. Cícero Lucena, por exemplo, não diz que quer ser governador — apenas se comporta como quem acorda todos os dias esperando que o destino bata à porta com uma faixa no peito. A agenda no Sertão, cuidadosamente nutrida de sorrisos, é a mesma de quem planta milho para colher palanque. E o mais curioso: ninguém no entorno nega. Só falta a confirmação divina… ou partidária, que hoje dá mais voto.

Do outro lado da mesa, João Azevêdo distribui sorrisos protocolares e responsabilidades simbólicas. Agora presidente do PSB-PB, ele já não governa, administra. Governar cansa — exige decisões. João prefere costuras, nomes, alianças e um projeto nacional que só empolga quem ainda acredita que Brasília não reconhece sotaques.

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Adriano Galdino, sempre pronto a traduzir o óbvio, afirmou que Cícero age como pré-candidato. É sua especialidade: interpretar o que já foi ensaiado, como se estivesse revelando uma conspiração. Mas Galdino tem método — sua arte é parecer neutro mesmo quando sua voz já carrega o endereço do próximo aliado.

E Lindolfo Pires? Ah, Lindolfo. Com a placidez de quem sempre esteve nos bastidores, ele fala de João no Senado como quem comenta a chuva: inevitável, natural, confortável. É uma aposta de quem conhece os salões — e sabe que, na política, a fidelidade não é virtude, é estratégia.

A Paraíba segue seu curso: governadores que olham para Brasília, prefeitos que olham para 2026, deputados que olham para si. E o povo? O povo olha. Sempre olha. Mas cada vez menos vê.

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